domingo, 24 de julho de 2011

Pra

dor e saudade;


o que é que resolve?




Na mesinha do canto de madeira restaurada, a luz opaca do abajur dourado cintilava na borda da taça meio cheia, onde o vinho aveludado, de bom grado, exalava um aroma entorpecente.
O cinzeiro improvisado era enfeite acobreado, com seu brilho ofuscado pelas cinzas fumegantes. Um livro gasto, de capa envelhecida, tinha uma página marcada por uma flor meio amassada - esta qual já fora um dia, se não cor, sinal de vida.
A poltrona almofadada e desgastada, ainda tinha o tom convidativo do que um dia fora verde, escuro e quase sombrio, constratando com a madeira bem talhada que ornamentava a estrutura luxuosa do móvel.
A lareira se apagava conforme a noite se estabelecia e o quadro que ela suportava, mal se via.
As cortinas cor de vinho, pesadas, bloqueavam toda iluminação que pudesse querer se esgueirar. Embora empoeiradas, junto aos tapetes elegantes, davam um ar sofisticado ao ambiente monótono.
Tudo cheirava a velharia, até mesmo o vinho que provocava a garganta com suas notas abrasadoras. A sala da lareira tinha lá seus sinais de habitação mas sua aparência, no geral, lhe conferia um cômodo abandonado.
No chão de piso frio, com frisos e detalhes, via-se resquícios de tinta do tinteiro derramado ao pé da poltrona. Junto á cena, uma caneta compunha o conjunto. Mais gotas de tinta e um papel.
Em letras esbeltas e distintas, lia-se:
"A expressão do meu rosto
Não demonstra
A dor dos meus ossos
E este quadro que pintei
Da paisagem que escolhi
E minhas dores de amor
Desta vida que vivi
Não explicam,
Não expressam
Esses meus olhos
Que desfalecem vazios"


R.M.

'Eu não acredito em palavras, acredito em fatos... os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. O que você diz - com todo o respeito - é apenas o que você diz!'


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tortura

Tirar do peito a Emoção
A lúcida Verdade, o Sentimento
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...

Sonhar um verso d’alto pensamento,
E puro como um ritmo d’oração!
- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...

São assim ocos, rudes os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!

Quem me dera encontrar o verso puro
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto

Florbela Espanca


terça-feira, 8 de junho de 2010


Esses dias

me peguei pensando
em pássaros
Achei até engraçado
pensar em outra coisa
que não seja você



Rafaella Moura

quinta-feira, 20 de maio de 2010

cinza-frio-azul-ensolarado

Não sabia o porquê. O dia apenas amanhecera estranho, diferente; um catálogo de cinzas e azuis-acinzentados. Quando coloca-se na cabeça que algo fugiu ao normal, fica-se cheios de dedos, medos, desconfianças. Aí até o 'bom dia' costumeiro vira uma enorme provocação.
Subiu as escadas e procurou um lugar isolado, um pouco drama, outro tanto auto-piedade.Quase gostava daquele sentimento de estranheza. Se perguntando 'por que tudo acontece comigo', esquentava suas mãos de dedos finos no copo de café fumegante.
O tempo foi passando, minuto à minuto e quando lágrimas quase lhe atingiam as maçãs do rosto, surpresa...
Aparece o sol, vagaroso, como quem fica mais cinco minutos na cama. Ainda era cedo, o sol tomara seu lugar ao céu e encobria o catálogo sombrio de cinzas-azulados. Encobriu até mesmo aquele sentimento todo de fascinação pela dó de si mesma.
Entristeceu-se. A manhã ainda era fria, o café havia esfriado e sua amiga auto-piedade se fora com o vento matutino. Ficou sozinha, sem ninguém para lhe atribuir pena, sem nenhuma estranheza fria-cinza.
Apenas sol, normalidade cor de sol...



Rafaella Moura

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Epitáfio - Titãs

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

sábado, 30 de janeiro de 2010

Às vezes eu me sinto numa forte correnteza, bem no meio do mar!
E isso vai me arrastando contra minha vontade e quanto mais eu tento deixar as coisas no lugar, mais isso foge de mim.
Foi exatamente isso que eu senti por quase o ano inteiro, esse aí, que passou... Que as coisas não estavam no meu controle.
Fiz escolhas, fizeram escolhas por mim, lutei, me afoguei, respirei e me afundei de novo. Fico pensando o quanto a culpa é minha de estar no meio do mar, porque afinal, se eu não entrasse nele, a correnteza não teria efeito sobre mim.
Na verdade, eu sempre tive certa aptidão pra me enfiar em correntezas mais fortes do que eu. Me envolvo tanto nelas, que não me dou conta que elas me levam pra onde querem. Quando eu finalmente consigo sair, eu vejo que devia ter nadado mais forte, não que eu consiga mudar o rumo de um mar inteiro, mas não posso deixar que ele imponha mudanças em mim.
Aí quando as coisas vão se acalmando e vão virando apenas ondas, eu consigo ir, com cuidado, saindo delas. Eu deixo o mar para trás, embora algumas vezes eu sinta como se o mar me lançasse para fora dele. Toda correnteza tem um rumo, que para uns serve e para outros, nem tanto. A terra firma, porém, serve para todos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Já foi mais fácil...

TUDO. Em qualquer fato que se pense, poderia ter sido mais fácil!
Sabe, certa vez ouvi dizer que a nossa melhor amiga é a gaveta.
Tente colocar um texto na gaveta e olhá-lo depois de um tempo.. Verá que poderia ser melhor.
Agora imagine colocar situações impossíveis, problemas surreais, relacionamentos complicados e olhe uma ou duas semanas depois. Não era tão impossível, surreal ou complicado como parecia.
Apenas nos desesperamos para resolver o que estamos enxergando mas nunca pensamos que podemos estar enxergando pouco. Nossa visão é limitada na hora dos sentimentos 'a-flor-da-pele'.
Aí o melhor mesmo é deixar na gaveta. Não pra sempre, porque ignorar problemas não os fazem desaparecer, certo?! Do contrário, ninguém os teria.
Essa de 'não deixe pra amanhã' nem está tão certa assim. Imagine quantas brigas se pode evitar quando a raiva (ou qualquer que seja o sentimento do momento) fica guardada na gaveta. Um ou dois dias depois, vemos o quão idiotas poderíamos ter sido se tivéssemos levado em conta o que sentíamos naquela hora.
Certa vez ouvi dizer também, que as pessoas não sabem ser felizes.
Deixam suas gavetas vazias e carregam todo o fardo da vida como se fosse uma bagagem de mão.
Seus problemas não são tão sérios quando você sabe o que fazer com eles.
Levar tudo ao pé da letra, maximizar pequenas particularidades, a famosa "tempestade em copo d'água"... Isso é pra quem não sabe parar pra pensar, não sabe resolver, não sabe evitar brigas, frustrações, infelicidades...
Quer só ganhar, sair por cima, ter a vida perfeita mas sabe.. Isso não existe.
Poderia ser mais fácil, sim. Mas também poderia ser pior.
Então recorremos à gaveta. Ela acalma os sentimentos, ameniza os problemas. Como se tirasse a poeira que nos impede de ver com clareza a situação. E quando se dá conta; nem era tão grave assim.
Quando já se viu o pior acontecer, para completar, só se pode esperar que melhore.


Rafaella Moura

sábado, 9 de janeiro de 2010



lágrimas
quentes
num quarto vazio
a escuridão
lhe faz companhia...







quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Às vezes

as pessoas pensam tão pouco de nós, que nos fazem perguntar se são nossas atitudes que levam à isso.
Pensam pouco e resumem seus pensamentos ao que acham que conhecem de nós e aí é que está:
ninguém é 100% real na frente dos outros. Não porque queremos, mas porque somos assim.
Pra cada pessoa, demonstramos o que queremos que ela veja, ou melhor, as deixamos ver apenas o que queremos. E não é falsidade, é só como as coisas são; é nosso incrível poder de adaptação.
Afinal, não falamos de asfalto para quem gosta de flores.
Então o que pensam de nós pode ser fruto do que somos parcialmente,
ou do que fomos...
E pode ser que a chave de tudo isso é fazer com que as pessoas possam pensar mais de nós; mostrar outros lados, outros sentimentos, outras conversas...
Muitas vezes nos resumimos ao que pensamos interessar para cada pessoa e acabamos fazendo o mesmo: pensamos pouco dela!
Somos mais, beeeeem mais que aparências, que breves resumos, que interesses momentâneos, que sorrisos forçados, que conversas vazias, mais que simpatia barata...
Somos álbuns de fotografia, somos um livro da vida intera, somos conversas sinceras, somos o que gostamos faz teeeempo, somos o que somos até quando choramos...
Vai ver somos todos assim... Ou talvez
é só o que eu penso de mim...


Rafaella Moura.

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

"What have I become?
My sweetest friend
Everyone I know goes away
In the end"

Hurt - Johnny Cash


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

" Quero te abraçar bem forte
Te beijar devagarzinho
E dizer-te ao pé d'ouvido
Como gosto de você
E se eu mirando o céu
Ter meus olhos a fechar
Não estranhe, não pergunte
Me abrace e não me deixe
Estou só agradecendo
O calor do teu olhar
E se eu segurar tua mão
Suspirando, apertar
É só meu medo de perder
É a vontade de te ter
Que me contenta só te olhar
Mas o meu desejo mesmo
É apertar-te junto ao peito
E dizer como eu te amo
Com você quero ficar "


Rafaella Moura

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vende-se

Seria bom ter uma placa de 'vende-se' para cada coisa que não nos cabe mais.
As palavras frias e duras do dia-a-dia? Venderia todas.
Minhas chateações profundas? Livraria-me delas por um preço irrisório.
Cada lágrima caída? Engarrafaria e venderia como preciosidade (há quem não chore e sinta falta).
Sempre há quem compre o que não precisa.
É cíclico e constante.
Não te serve? Passe pra frente. Nem pense se fará mal ao próximo dono, apenas livre-se disso (seja lá o que isso for).
Aí entra nosso ego. Nós, antes de tudo.
Eu antes de você e você antes do próximo. Repetidamente!
E quando não se acha a certeza de querer se livrar de fato, "aluga-se".
Pensando bem, não precisamos de placas! Todos temos uns 'post-its' na porta da geladeira, no caso de nossos sofrimentos serem pequenos demais.
Que tal catalogar nossos sentimentos?
Quem tiver paz pra 'dar e vender', favor entrar em contato. Pois de lamentações, nosso mercado já está saturado.


Rafaella Moura

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"Virou-se confusa, fitou os olhos mansos da face que lhe observava paciente. Desferiu atordoada:
- E a dor? Que há de fazer dela?
- A dor? Acostuma-te dela. Em dias de solidão, será essa tua única companhia.
As palavras doloridas, fizeram-se brandas no tom de voz em que foram proferidas.
Perdas, palavras, sentimentos e sentimentalismos...Que há de fazer deles?
Pra quem perde sempre, encontra na lamúria drástica da morte, algo que não lhe tiram.
Amores, família, dinheiro, amigos, poesias...
Há de perder-se, triste fim!
A Morte?
Uma vez dada, eterna lhe convém.
Riu-se disso, e num último e preguiçoso suspiro... Exclamando se entregou:
- Ah, esta é minha... Pra quem perde sempre, esta ninguém me tira...
Seus olhos se fecharam, seu meio-sorriso mórbido se foi, deu lugar a algo dela e só dela!
A morte... Nem sempre é tão ruim..."


Rafaella Moura

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

This is the first day of my life...

Se fez do nada! Do frio, vazio, o nada... Fez-se tudo. Tornou-se TUDO.
Rápido feito um furacão, passou varrendo o passado. Passou trazendo o novo. E tudo muda... Se faz novo.
Quem vê, não entende. Quem sente, não explica.
Paixão...
Irrevogável, e a aceitamos. Impossível descartar o que nos faz bem. E feliz aquele que descobre isso cedo.
Ao nosso tempo, nos descobrimos. Em meio-tempo, nos entregamos. Instantaneamente, nos apegamos.
Talvez precipitadamente mas o fiz de bom grado.

Felicidade não acontece sempre...
Passam dias, e digo, dias... Não anos, nem meses... Apenas dias! Os mais felizes, os melhores.
Rapidamente, amor!

Como é possível?
Não entendemos, não explicamos... E novamente, apenas aceitamos.
E o medo e o frio na barriga de entregar-se repentinamente, some quando um abraço é dado, desaparece na certeza de um beijo. Apenas some! E se logo volta, pra quê? Ser feliz é o que importa.
Sabemos disso e muito bem. Estamos juntos e seguiremos juntos...
a minha Felicidade, aconteceu com você...





Rafaella Moura

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Recomeço

Hoje já não sei mais quem sou
Eu, que muito sei sobre coisa alguma
Me perdi em mim mesma
No vazio de meu ego
Tento achar uma saída
Algo mais que palavras bonitas
O que ontem fez sentido,
Amanhã talvez nem exista
E o futuro tão brilhante
Se desfez em meras cinzas
Talvez tarde pra tentar
Consertar o que ficou
Muito cedo para desistir
De lutar pelo que restou
Se qualquer um tem a chance
De provar que mudou,
Eu também posso por à prova
O orgulho que me restou
Sem olhar para trás
Um novo começo
Sem os velhos erros
O amanhã é meu eterno recomeço...


Rafaella Moura

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Todo dia, dia novo

E as crianças brincando no parque
Os passarinhos cantando com o vento
Doce brisa que soprava
Levando para longe o tormento

Sossegado balanço na rede
Romântico livro nas mãos
Suave música nos ouvidos
Pensamentos alheios em vão

Linda vista no horizonte
Rio correndo cintilando
Compunha uma sinfonia
Com os pássaros combinando

Cai o sol, a lua brilha
Entardece, sol laranja
Acabam assim todos os dias
Cada dia, é esperança



Rafaella Moura
- Ai ai q saudade desse dia... - Disse o garoto.
- Já sentiu saudade de coisas que você não sabe o que são? - Indagou a menina.
- Acho que sim...Já senti saudade de coisas que eu queria ter feito só que nunca consegui ou algo assim....
- Algumas músicas me dão saudade de coisas que eu nem vivi! Acho isso estranho, acho que só eu sinto isso...
- Acredita em vidas passadas? - Ele perguntou.
- Não...Você acredita?
- Acredito...

Sem o porquê nem para quê, vivemos coisas que nos remetem à outras coisas nem vividas, nem conhecidas... Não as compreendemos mas aceitamos, afinal não pode-se negar sentimentos como estes... Se já vivemos outras vidas, teremos mais algumas à viver, não sei... Não acredito! Mas essa nostalgia aleatória tráz um sentimento de tranquilidade não conhecido de nenhuma outra forma e nisto eu acredito. É um conforto, um lugar paralelo quando ouve-se certa música, ou vê-se algum filme, até mesmo um cheiro ou um gosto que instantâneamente nos fazem lembrar... De quê, não sabemos... Mas desde que seja um sentimento tênue e tranquilo, eu o aceito e entro nesta atmosfera como se a conhecesse.


Rafaella Moura.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Histórias sobre uma história

Uma contadora de histórias!
Passou por muitos casos e ao acaso destes fatos, grandes memórias e fabulosas histórias ficaram gravadas e transpassaram longos anos até que aqui chegaram.
Viajou muito sem sair de casa, pois mergulhada em mapas encontrou uma paixão.
É guerreira, pelas lutas que passou, sofrimentos que por longos anos enfrentou e principalmente pelas vitórias que conquistou.
Na sua infância era tudo diferente e brincava livremente pelas ruas com os pés no chão. Teve vestidos feitos retalhos, passou por maus bocados, teve uma vizinha meio bruxa e um primo que a adorava.
A paixão com que conta suas histórias nos permite imaginar as cenas, sempre muito detalhadas, com cheiro, sabores e cores das imagens relatadas.
Viajo sempre nas suas poesias, poemas e fantasias, todas bem escritas, dotes de uma poetiza.
Palavras lindas mesmo quando falam de dor, pois como ela sempre me diz: poeta tem alma triste! E nestas sábias palavras sempre busco inspiração.
Seus desenhos, pinturas e quadros são cheios de vida até mesmo quando estão em preto e branco, pois vejo nela e isto é fato; paixão!
Paixão que vejo também na cozinha, que como uma boa mineira, tem as medidas certas nas mãos, as melhores receitas na cabeça e a mais pura boa-vontade no coração.
Ainda na cozinha a vejo cortar tecidos e até hoje brinco com os retalhos dos panos à costurar. São crochês, tricôs e trançados que com muita paciência tentou me ensinar.
Me lembro bem de uma certa data, de uns dois anos atrás, meu aniversário! Toca o telefone, não são os meus parabéns. Uma onda de tristeza e logo vem a vitória. Mais uma luta que ela superou.
E são cafés e conversas e muitos momentos, que como sempre digo, tenho vontade de guardar em uma caixinha.
E nela me espelho, nela me inspiro e muito amo.


De Rafaella Maiolini para Irene do Lago.
amo você, vózinha (L)


Rafaella Moura

domingo, 5 de julho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

Não acredito em ações altruístas, não acredito em amor a primeira vista, acho superficial. Talvez seja apenas minha natureza fria, ou minha natureza tenha se acostumado à frieza.
Vai ver é tudo exterior à mim, ou sou eu me adaptando na realidade sem finais felizes porque quem sonha muito, se decepciona muito. Quem espera muito, se frustra muito. Deve ser algo parecido com o 'quanto mais alto, maior o tombo'. Ok... Somos capazes de absorver isso mas e quanto à quem não sonha? Não espera nada de nada? Frustra-se?
Questão de sobrevivência ou conveniência; pode escolher!
Mundinho complicado, esse - e por acaso temos outro?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

balela ..

Me atrevo a dizer que me conheço bem. Me atrevo pois muitos não se conhecem, muitos não se atrevem. Sei de meus sentimentos, de minhas falhas, meus medos, vontades, amores e dores. Sei de ponta a ponta toda a melancolia do meu drama, toda a frivolidade do meu humor, toda a subjetividade de meus conceitos, decorei bem meu tom irônico, sarcástico. Um olhar de canto, um sorriso forçado ou uma triste combinação dos dois. Sei exatamente a quantidade do meu veneno. Desagradável? E muito, quando quero... O que chamam de falsidade, eu chamo de sobrevivência. No final, quem nunca usou uma máscara que sinta-se à vontade para atirar-me a primeira pedras!


Rafaella Moura

quinta-feira, 14 de maio de 2009

-- Uma boa lista de sonhos, café quente, mil idéias, livros... Noites inteiras...


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quarta-feira, 13 de maio de 2009

R O T I N A !

Virei-me na cama, o som do despertador havia se misturado com meus sonhos. Demorei uns minutos até perceber que o som irritante vinha do celular ao meu lado. Desliguei, tornei a me virar e enrolei um pouco até levantar. Entre sentar-me na cama e vestir o uniforme do colégio, mil coisas já passavam em minha mente. Deslizei até o banheiro, debilitada pelo sono, limpei a maquiagem borrada que ficou da noite mal-dormida, escovei os dentes e me encarei no espelho por um breve minuto. A porta rangeu, fui para o quarto. Luz acesa, olhos sensíveis. Passei o habitual lápis preto no olhos, calcei o tênis e deixei o quarto. Água, remédio, água, bolachas, água. Entrei no carro. Destino: a mesma rotina de sempre...


Rafaella Moura

segunda-feira, 27 de abril de 2009

De tempo em tempo...Mudou !

Quem talvez n'outras vidas, se pôs a fazer rir
quem sabe nessas horas, é também o mais feliz
se trocou dor e angústia, pelas flores das primaveras
deixou as lágrimas no inverno, congeladas ah, quem dera!

Os suspiros das estações, que mudam vagos, vão e vão
passam aqui e passam lá, e vão, sem destino e sem chão
apenas tempo é o limite, desses ventos tortuosos
que passam o tempo a soprar, dessa vida pros mais fracos

Tanto sonhas em memórias, tanto quer em devaneios
pois quem esquece do presente, muito esquece do momento
retorna aos ventos passados, voam e vão com os pensamentos

Voa livre com o vento, feito pássaro ao céu limpo
voa e vai voando, tudo passa e muito fica, quando vê...
já foi o tempo...Tempo, quem viu? passou voando...


Rafaella Moura

domingo, 19 de abril de 2009

Caixa de Pandora



Foi morar sozinha e recortar revistas, ouvir música alta, dançar pela casa, cantar!
Enterrar num passado distante tudo o que ficou quando não se quer mais lembrar. Jogar fora lembranças ruins, ainda vá lá, mas resolveu praticamente trocar de identidade. Começando pelo cabelo, a cor dos olhos, o esmalte, os sapatos, o próprio nome. Nada fácil mas ela o fez. De quando em quando perguntava-se se era certo e uma rápida olhada no espelho lhe respondia 'melhor agora'. Certa vez pegou aquela caixa que insistia em olhá-la do fundo do armário e achando que havia livrado-se de tudo, como quem abre a caixa de pandora, viu sair de lá todo seu passado feito filme discorrendo lentamente pela parede branca. Atordoada sentou-se no chão frio e não se importando muito com isso, assistiu alí, sentada, recostada na parede o filme de sua vida! boas e más coisas iam recortando os feixes de luz que por algum motivo, escurecia seus pensamentos e diante de seus olhos traziam à tona uma vida inteira. Sua vida inteira. O filme picado que jorrava da caixa a fez reviver nostalgicamente seu trajeto ríspido e tortuoso que a levou até o momento confuso em que encontrava-se, porém pouco a pouco foi notando que cada pedra em sua frente levou-a à construir o caminho que decidiu seguir. Julgava ser o melhor caminho, julgava ter sido a melhor escolha, julgava ter feito o melhor que pôde mas deu-se conta que julgou demais. Todos que passaram por sua vida ficaram para trás do muro que ia construindo-se instantaneamente conforme o tempo ia passando e os passos seguiam adiante. Tornou-se sozinha num caminho disforme, imperfeito e tão frágil quanto uma folha ao vento. Notou que o filme não passaria, não completamente, não seguindo uma sequência lógica se faltasse ao menos um pedaço, por menor que fosse, pois este faria falta; "assim como minha vida" - suspirou. Percebeu que estava tornando tudo mais difícil, tornando tudo em uma mentira, grande e mal construída. Havia se posto num lugar onde tudo em sua volta era falso, uma teia de histórias e fantasias da qual nunca conseguira sair. Pois bem, estava livre! Seus fantasmas do passado haviam libertado-se de uma forma inesperada e logo viu, não foi de todo ruim. Aliás, não foi nada ruim ou doloroso relembrar tudo o que já viveu. Levantou-se lentamente após o final da sessão de seu próprio filme, tomou nas mãos a velha caixa e a guardou. Limpou as lágrimas. Deixou o quarto. Ela tinha algumas cartas a abrir. Ela tinha alguns telefonemas a dar.


Rafaella Moura

quinta-feira, 9 de abril de 2009

domingo, 5 de abril de 2009

Da morte triste choras
o pranto segue as horas
no escuro fecha os olhos
no vazio a alma vaga

Lembranças e histórias
e as risadas sonoras
invadem a memória
e de súbito se acabam

Ainda vale o que restou
pra ser lembrado com amor
o pouco que ainda ficou

Secam as lágrimas e o riso
antes frio, agora limpo
trazem de volta o que passou


Rafaella Moura

segunda-feira, 23 de março de 2009

versos ao vento

"combina as palavras ao vento
de súbito suspiro, os versos

antes apenas palavras, sem nexo

são agora; pensamentos !"


Rafaella Moura

quarta-feira, 4 de março de 2009

Dias de rimas

Uma garota boba
que gostava de rimas
e rimava dia e noite
noite e dia, noite e dia...
fazia poemas e poesias
escrevia histórias e fantasias
dia e noite
noite e dia, noite e dia...
um dia descobriu
o que mais a vida tem
e descobriu também
que às coisas poderia dar vida
tomou o velho caderno,
o lápis e a borracha
e escrevendo conheceu
um mundo por trás das rimas
muito fez e conseguiu
rimar sonho e conquista
pois rimas, para ela,
eram todos os seus dias
noites e dias, noites e dias...


Rafaella Moura

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Coffee

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You can sleep when you're dead !





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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Time to change !

'voltei a olhar e sem mais ou menos ainda, eu vi o que jamais conseguira ver antes!
percebi que de fato abrira os olhos e estava realmente enxergando e não apenas olhando.
caminhei tanto tempo por entre as mesmas flores no velho jardim e nunca havia notado quantas borboletas haviam alí, quantos tipos de flores estavam ao meu redor.
decidi m u d a r ! se eu posso abrir os olhos, posso correr entre as flores sob as sombras das árvores, posso deitar na grama macia e me recolher em devaneios, passar poesias pro papel, olhar o céu...
posso ser quem eu quiser, quem eu decidi ser.
eu decidi que pequenas coisas valem a pena, que tempestade em copo d'água é bobagem, que o importante é sempre o que está por trás das aparências.
e por trás da minha aparência, só eu sei o que se esconde...'


Rafaella Moura

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009



make yourself

http://www.jacksonpollock.org/


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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

eu não sou quem você quer que eu seja
talvez um dia eu aprenda
talvez um dia eu desapareça
nós mudamos com o tempo
mas eu nunca vou mudar o que eu penso
e já que não era pra ser...
foi bom te conhecer!


Rafaella Moura

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

'Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.'

Fernando Pessoa




sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

De mãe para filha...

CADA PALAVRA UM SENTIMENTO,
CADA FRASE UM LAMENTO,
OU TAMBEM UMA GARGALHADA,
ABAFADA NUMA RISADA...
ESCONDIDA,MÃO NA BOCA...
VOCE É ASSIM,MEIO LOUCA!
MEIO ADULTA,MEIO MENINA..
QUE TODA DIA ME ENSINA..
A SER MÃE,A SER CRIANÇA,
A VIVER..TER ESPERANÇA...
VOCE É ASSIM,A PIADA ENGRAÇADA,
QUE ME FAZ DAR TANTA RISADA...
JUSTAMENTE QUANDO MAIS PRECISO,
VOCE ME FAZ PERDER O JUIZO...
FICO ALI...BOBA TE OLHANDO,
ESPERANDO O PROXIMO GRACEJO...
E MAIS UMA VEZ,
EM VOCE FILHA...
ME VEJO!!!!

Na janela de um ônibus


Da janela de um ônibus
passa árvore,
passa gente,
passa carro,
passa cachorro
e também gato,
passa farol,
passa a esquina
e o sobrado
Todo dia mesma coisa
acordar cedo,
café da manhã,
ir até o ponto de ônibus
e tudo passa de novo ...


Rafaella Moura

Minha primeira poesia, 09/11/02



Domingos, segundas...semanas!


- Amanhã é segunda...-
resmunga a menina.
- É sim...-concorda a avó.
- Eu odeio segunda-feira. Sempre vem depois de domingos tediosos.
- O melhor dia é sábado.
- Não é não, vó. Porque depois vem o domingo tedioso e a segunda chata.
- Então a semana deveria começar na terça.
- Mas as segundas seriam monótonas. Deveria começar no domingo.
- O domingo tedioso seria a segunda chata.
- E se fosse tudo fim-de-semana?
- Todos os dias seriam monótonos! Não deveria haver domingo.
- Mas se não houvesse domingo, então outro dia teria esse papel.
- Então não tem jeito né?!
- Não vó...
- Vamos deixar como está...
- Sim, domingo vai ser sempre domingo...
- E segunda sempre segunda...
Conformam-se avó e neta e terminam assim, o domingo tedioso.


Rafaella Moura

Memórias

Sonho
E acordada
Minha alma busca a tua
E tão sozinha ela se perde
Perdida e tão vazia
Tão vazia quanto fria
Na esperança ela se agarra
E sussurros lança ao vento
O teu beijo foi guardado
Coração já em pedaços
Tomou rumos diferentes
Separados em distância
Indo
e sem querer
E mágoa, lágrimas
Amor acabado
Tão quanto pôde ser reparado
Tornou-se lindo
E assim
Para sempre será lembrado.


Rafaella Moura

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Apaixone-se!!

Ah, essas paixões!
Alucinantes paixões que nos fazem dizer "pra sempre" e no minuto em que se acabam, dizemos "nunca mais". Mas nunca mais é muito tempo e somos todos loucos; nos apaixonamos de novo.
Se passa, nos perguntamos: valeu a pena?
Cada segundo!
Incontroláveis desejos, inconfundíveis olhares, infinitas emoções.
Se te dizem que é loucura, esse alguém nunca se apaixonou ou não lhe foi intenso o suficiente para que lhe recordasse boas sensações.
Se lhe perguntam o "por que", é apenas impossível explicar.
Paixão não tem justificativa, apenas acontece!
E nesses casos e acasos muitas coisas passam e sobram apenas memoráveis experiências.
E se tratando de paixão, quando não resta mais nada, impagáveis são as recordações.

[subliminar] Apaixone-se! [/subliminar]


Rafaella Moura

Solidão


Luz da lua, estrela tua
Doce brilho, noite amarga
Clama a alma, dor atroz
Em chamas
Solidão...
A tua presença, me faz falta
Contradição
Venha a mim, que me acalma
Pranteia a alma
Busca em face, respostas
Incógnita
Vai-se a noite, raia o sol
Triste ilusão, sonho ruim
Apenas solidão...


Rafaella Moura

Espelho e poesia


Eu me iludo, eu espero
eu sonho e busco
me perco tentando encontrar
eu falo alto e me arrependo fácil
eu choro e g r i t o
eu me acalmo em risos
me olho no espelho e vejo
que minhas piadas já não são ENGRAÇADAS
meu sorriso é falso
minha mente é c o n f u s a
a porta do meu quarto está fechada
minha cama está desarrumada
minhas roupas estão espalhadas
minha vida, d e s o r g a n i z a d a
minhas poesias perderam o sentido
minhas noites duram dias
minhas horas são mais longas
todo dia acordo pensando
daqui eu não saio
C a n s ei
de fugir, de chorar, de me arrepender
Hoje não tenho mais medo
nem de amar, nem de perder
nem de trovões, nem de vencer
Enfrentei meus demônios
e encarei a tempestade
Fui de cara pro destino e
encontrei a liberdade
Estou viva e estou vivendo
E se quiser me seguir
mantenha distância.


Rafaella Moura
.

Por mim

eu viveria na estrada,
correndo com o vento,
não esperaria por nada
levando as saudades na mala
voando apenas nos meu pensamentos
esquecendo as tristezas, os tormentos
imaginaria desenhos nas nuvens,
inventaria formas com as estrelas,
acamparia, faria fogueira!
E se tudo fosse fácil assim,
te levaria comigo, pra longe
a caminho do esquecimento!
Carros, buzinas, fumaças...
Casas, luzes, barulhos...
Vida sem graça !
Quem precisa disso tudo, afinal?
Eu não!
Apenas do vento, da estrada...
Mais nada!



Rafaella Moura

Flores na Janela

Foi apenas um olhar
pela janela entre-aberta
Viu um novo mundo surgir
e sua antiga idéia partir

E pintado de lindas flores
coloridas de ilusão
Pois tentando alcançá-las
estendeu-lhe sua mão

Nada a imperdira
de colhe-lás com o coração
Encheu de cores os olhos,
de esperança e de emoção

Tomada pela fadiga
Pela última vez lutou
Colocou-se em pé de novo
E a ilusão ela abraçou.


Rafaella Moura
Me cansei desta monotomia arranjada, conformista...Desta vida vazia, estagnada, persuasiva e saturada.
Pensativa e cansada, apenas vivo sem uma chance de prelúdio, a vida é esta e não se pode pré-viver para saber onde nunca errar, o que fazer ou como ganhar.
Sigo meus passos ao acaso dos fatos buscando em vão, soluções, receitas mágicas, respostas exatas... Inganação. Penso comigo buscando otimismo.
Ah! Esta situação...
Apresso-me a escrever e quem sabe por assim dizer, eu vire a mesa do destino e ganhe o jogo nesta minha busca por não sei o quê. Sinto faltar algo, falta brilho, falta vida, faltam respostas. Escrevendo nestas linhas coisas com tanto sentido quanto pode-se entender, me clareio e me expresso nas entrelinhas e você; que nem tente me entender!
Exclamando em um desabafo queria ser um pássaro e voar para onde tudo se pode esquecer.
Vejo então, que em mim há uma voz e a sufoco com lágrimas quando esta deseja acordar. Pois gritar para quê? Grito comigo, num grito vazio por dentro. E basta.
Ainda tenho resquícios de um grito impregnado na garganta que nunca chegou a ter voz. Virou lembrança das últimas causas não resolvidas, das últimas esperanças.
Feito criança mimada recolho-me na cama embalada em choro, esperança e poesia.
Assim com um toque de drama, incenso e silêncio, desabafo em palavras e me acalmo, pois penso que em tudo acha-se solução.
Afinal, gritar por dentro ou sonhar alto, não me livrará do amanhã, tão pouco me trará de volta, o passado!


Rafaella Moura