quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vende-se

Seria bom ter uma placa de 'vende-se' para cada coisa que não nos cabe mais.
As palavras frias e duras do dia-a-dia? Venderia todas.
Minhas chateações profundas? Livraria-me delas por um preço irrisório.
Cada lágrima caída? Engarrafaria e venderia como preciosidade (há quem não chore e sinta falta).
Sempre há quem compre o que não precisa.
É cíclico e constante.
Não te serve? Passe pra frente. Nem pense se fará mal ao próximo dono, apenas livre-se disso (seja lá o que isso for).
Aí entra nosso ego. Nós, antes de tudo.
Eu antes de você e você antes do próximo. Repetidamente!
E quando não se acha a certeza de querer se livrar de fato, "aluga-se".
Pensando bem, não precisamos de placas! Todos temos uns 'post-its' na porta da geladeira, no caso de nossos sofrimentos serem pequenos demais.
Que tal catalogar nossos sentimentos?
Quem tiver paz pra 'dar e vender', favor entrar em contato. Pois de lamentações, nosso mercado já está saturado.


Rafaella Moura

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"Virou-se confusa, fitou os olhos mansos da face que lhe observava paciente. Desferiu atordoada:
- E a dor? Que há de fazer dela?
- A dor? Acostuma-te dela. Em dias de solidão, será essa tua única companhia.
As palavras doloridas, fizeram-se brandas no tom de voz em que foram proferidas.
Perdas, palavras, sentimentos e sentimentalismos...Que há de fazer deles?
Pra quem perde sempre, encontra na lamúria drástica da morte, algo que não lhe tiram.
Amores, família, dinheiro, amigos, poesias...
Há de perder-se, triste fim!
A Morte?
Uma vez dada, eterna lhe convém.
Riu-se disso, e num último e preguiçoso suspiro... Exclamando se entregou:
- Ah, esta é minha... Pra quem perde sempre, esta ninguém me tira...
Seus olhos se fecharam, seu meio-sorriso mórbido se foi, deu lugar a algo dela e só dela!
A morte... Nem sempre é tão ruim..."


Rafaella Moura