Não sabia o porquê. O dia apenas amanhecera estranho, diferente; um catálogo de cinzas e azuis-acinzentados. Quando coloca-se na cabeça que algo fugiu ao normal, fica-se cheios de dedos, medos, desconfianças. Aí até o 'bom dia' costumeiro vira uma enorme provocação.
Subiu as escadas e procurou um lugar isolado, um pouco drama, outro tanto auto-piedade.Quase gostava daquele sentimento de estranheza. Se perguntando 'por que tudo acontece comigo', esquentava suas mãos de dedos finos no copo de café fumegante.
O tempo foi passando, minuto à minuto e quando lágrimas quase lhe atingiam as maçãs do rosto, surpresa...
Aparece o sol, vagaroso, como quem fica mais cinco minutos na cama. Ainda era cedo, o sol tomara seu lugar ao céu e encobria o catálogo sombrio de cinzas-azulados. Encobriu até mesmo aquele sentimento todo de fascinação pela dó de si mesma.
Entristeceu-se. A manhã ainda era fria, o café havia esfriado e sua amiga auto-piedade se fora com o vento matutino. Ficou sozinha, sem ninguém para lhe atribuir pena, sem nenhuma estranheza fria-cinza.
Apenas sol, normalidade cor de sol...
Rafaella Moura